Entrevista do nosso Presidente da Câmara ao Jornal Alto Alentejo
«Homem da terra, aqui nascido e criado», José Pio sente-se um «gavionense de gema que sempre fiz tudo para ficar no meu concelho, onde trabalho e trabalharei, e onde quero continuar a intervir na vida social e política».
Com um vasto conjunto de obras em curso no valor de mais de sete milhões e meio de euros, no entanto «o nosso foco é nas pessoas e no seu bem-estar», e a grande ambição é colocar «Gavião na linha da frente dos municípios de baixa densidade», e que «cada jovem que termine a sua formação académica ou profissional possa ficar a trabalhar no concelho de Gavião».
Alto Alentejo – Ao chegar ao final deste segundo mandato, qual o balanço que faz destes anos em que tem estado à frente dos destinos do Município e dos resultados da estratégia escolhida para o concelho?
José Pio – Em primeiro lugar dizer que é um orgulho enorme ser presidente do Município que nos viu nascer. Nunca me tinha passado pela cabeça vir a ser um dia presidente da Câmara Municipal de Gavião, queria e já o tinha dito muitas vezes ser presidente da Junta de Freguesia de Gavião, seguindo as pisadas do meu pai e essa era a minha função política na altura em que fui desafiado.
Assim, como nunca fui pessoa de me acomodar, não resisti ao apelo dos meus camaradas e amigos e decidi aceitar este enorme e estimulante desafio.
E, é assim que há quase oito anos dirijo uma grande equipa, que escolhi, e que tudo tem feito para dar melhor qualidade de vida a todos os Gavionenses.
Elaborámos um programa de acção, colocando sempre em primeiro lugar as pessoas, cientes da nossa interioridade. Fizemos uma aposta clara no Turismo, nas nossas paisagens, nos percursos pedestres, na vila de Belver, no seu Núcleo Museológico das Mantas e Tapeçarias, no único Museu do Sabão existente em Portugal e um dos quatro existentes no mundo, no único Monumento Nacional no nosso território que é o Castelo de Belver, na Praia do Alamal, na Ribeira da Venda e em tudo o que pudesse potenciar a visita de turistas ao nosso concelho.
Sabíamos também a importância de fixar gente, mas também sabíamos que sem emprego é muito difícil as pessoas fixarem-se, e esse tem sido um trabalho ciclópico, cujos frutos só aparecerão mais tarde.
Debatemo-nos diariamente com a nossa interioridade, pese embora, e eu digo isso muitas vezes, a nossa situação geográfica ser bastante favorável, no centro de Portugal, a 60 quilómetros do mercado ibérico, a hora e meia de Lisboa, junto da A23, atravessados pelas estradas nacionais 118 e 244 , com estação de Caminhos de Ferro na Freguesia de Belver, não será pois esta razão do fraco investimento Industrial no concelho.
Ainda assim faço um balanço extremamente positivo de todo o trabalho desenvolvido nos últimos quase oito anos, com a certeza de que os nossos concidadãos têm vindo a reconhecer a dedicação, a competência, a transparência e a honestidade dos executivos que têm dirigido os destinos do Município.
AA – Quais os principais objectivos já alcançados e quais faltam atingir na estratégia definida?
JP – A gestão Municipal é sempre um serviço inacabado. Quando atingimos um objectivo muitas vezes nem temos tempo de saborear o momento, porque outro nos motiva e é este sentimento de eterna insatisfação que nos faz acordar todas as manhãs com vontade de fazer mais e mais em prol das nossas terras e das nossas gentes.
Muitos objetivos foram já atingidos, mas muitos há para atingir e mesmo os muitos já atingidos podem ser sempre melhorados, no entanto tenho a certeza que o Turismo e a divulgação externa das nossas potencialidades foi atingido com sucesso. Podemos hoje dizer que somos um destino a ter em consideração para passar férias, conjugando o campo com as praias fluviais e com a possibilidade de várias práticas desportivas e de lazer. Hoje já não somos o destino de um só dia, tenho a certeza que quem nos visita já não sofrerá da monotonia de não ter nada que fazer.
Por outro lado e pela negativa, ainda não conseguimos estancar a hemorragia que é a perda constante de população, como poderemos ver nos resultados dos censos 2021 a publicar brevemente e que nos dizem que perdemos nos últimos 10 anos cerca de 15% da população residente.
AA – Sabendo todos nós que a acção dos Municípios depende em muito dos financiamentos dos Quadros Comunitários e de outros programas, em que medida isso obriga a enveredar por opções nuns sentidos e não noutros, e condiciona as estratégias do Município?
JP – Sim, efetivamente somos um Município de pequena dimensão que depende em cerca de 85% do Fundo de Equilíbrio Financeiro, ou seja, das transferências da Administração Central.
Mas daí a inferir que isso condiciona as opções que queremos e devemos tomar no interesse do nosso Município, vai uma grande distância.
O Município de Gavião em devido tempo definiu uma estratégia, que na nossa opinião é a que melhor serve os interesses do nosso concelho, e é com base nessa estratégia que efectuamos as nossas candidaturas a fundos estruturais, ninguém nos obriga a fazer candidaturas ou obras que não se enquadrem na nossa definição de interesse público.
Estamos naturalmente atentos às oportunidades que surgem, fazendo delas o melhor uso possível a bem de todo o concelho e de todos os cidadãos.
AA – Em termos económicos como caracteriza o concelho e qual o caminho que tem sido seguido?
JP – Podemos dizer que o tecido económico do concelho ainda é muito débil.
O executivo Municipal não se tem poupado a esforços no sentido de o fortalecer, criando oportunidades de negócio e investindo fortemente neste sector de extrema importância, sobretudo na criação de emprego e fixação de pessoas.
A recente criação do Gabinete de Apoio às Empresas e a construção da Incubadora de Empresas não Tecnológicas, que em nossa opinião poderão ser uma alavanca impulsionadora deste importante sector da economia, são exemplos que gostaria de destacar.
AA – Neste último ano, que balanço faz da situação pandémica no concelho e da actuação das instituições e da Câmara nesta situação?
JP – Desde o primeiro momento que a nossa aposta na luta contra a Covid foi a prevenção, pelo que costumo afirmar que o dinheiro no combate a esta pandemia não foi gasto, mas sim investido.
A vontade de vencer fez de nós um pilar de força e a nossa determinação irá permitir que voltemos, quanto antes, à nossa rotina. O Município distribuiu centenas de equipamentos de proteção individual à população e às instituições, nomeadamente IPSS, bombeiros, forças de segurança, sendo que também disponibilizámos testes rápidos a todas as IPSS do concelho, por forma a prevenir eventuais surtos, desafio que conseguimos superar. Neste contexto, devo enaltecer o trabalho de todas as IPSS do concelho, em particular as suas direções e funcionários, que com esforço, empenho e dedicação, tornaram possível vencer esta batalha, junto da população mais fragilizada e na faixa etária que representava maior perigo.
Também foram disponibilizados diversos apoios a empresas, instituições e população em geral. Para citar apenas alguns exemplos, as diversas campanhas de informação e sensibilização realizadas, sendo que também procedemos à higienização de todos os locais mais frequentados do Concelho, nomeadamente: ruas principais, lares, centro de saúde, farmácias, supermercados, entre outros. O Município disponibilizou ainda uma linha de apoio gratuita para entrega de medicamentos e alimentos, recolha de resíduos sólidos a pessoas doentes com covid-19, solicitação de apoio social e psicológico. Às famílias e empresas, a Autarquia possibilitou o pagamento faseado das faturas da água, saneamento e resíduos sólidos.
No que concerne às empresas, adoptámos um conjunto de medidas de caráter excepcional, com vista a salvaguardar a saúde pública e a dar resposta aos impactos socio/económicos provocados pela pandemia. Assim, tivemos o cuidado de, internamente, reduzir o prazo médio de pagamento a todos os fornecedores. Também isentámos as empresas do pagamento de taxas referentes a esplanadas, toldos e publicidade, ao mesmo tempo que não cobramos o valor da renda dos espaços municipais arrendados ou concessionados, tal como aconteceu com o pagamento de rendas de lojas e bancas dos mercados municipais.
Foi um ano sui generis, jamais algum de nós pensou passar por uma coisa destas, é verdade que passámos por momentos difíceis, não ficámos imunes, tivemos quase 200 casos e também infelizmente vimos algumas pessoas morrerem, mas e modéstia à parte não posso deixar de dizer que o executivo e todos os trabalhadores do Município e todas as Instituições envolvidas estiveram à altura.
AA – Há um amplo conjunto de obras emcurso neste momento, a exemplo aliás do que acontece em quase todo o lado em anos eleitorais. Tal deve-se a uma estratégia político-eleitoral ou cruza-se com outros factores?
JP – Primeiro que tudo dizer que a nossa estratégia não foi condicionada pelo ato eleitoral que se avizinha, antes outros fatores como a aprovação das candidaturas a fundos estruturais e o momento em que são aprovadas.
Infelizmente e no atual contexto pandémico, todas as obras em curso estão a sofrer atrasos consideráveis, pelos mais diversos factores que vão desde a falta de mão de obra à falta de matérias primas essenciais ao seu desenvolvimento, ainda assim é com orgulho que digo que neste momento temos obras em todas as freguesias do concelho.
AA – Quais são as principais intervenções realizadas ao longo deste mandato?
JP –São muitas as obras já terminadas ou em curso, permito-me realçar algumas das mais importantes ou estruturantes realçando uma que me é particularmente cara, refiro-me à substituição da cobertura do Edifício do Agrupamento de Escolas de Gavião, onde, e por mero acaso foi descoberto amianto e justifica por razões óbvias uma rápida intervenção a executar durante as férias do Verão.
Assim:
Recuperámos/ construímos e pusemos ao serviço da população oito fornos comunitários; Mantivemos e aumentamos os trabalhos de prevenção estrutural, nomeadamente a abertura de faixa de interrupção de combustível através da remoção total do combustível vegetal e desta forma contribuir para a eficácia da rede primária de defesa da floresta contra incêndios, que tem como objetivo último a defesa de pessoas e bens e do espaço florestal.
Concluímos os trabalhos de recuperação de sete casas e um espaço exterior no núcleo urbano de Gavião, tendo e de acordo com o regulamento sido atribuídas a famílias carenciadas; Prevemos a conclusão das obras da futura incubadora de empresas não tecnológicas até ao fim do ano em curso; Concluímos as obras do Parque de Auto-Caravanismo e já o disponibilizámos à utilização pública; Mantemos em bom ritmo as obras de remodelação da piscina coberta; Aumentar a atratividade turística do concelho foi uma das principais apostas do executivo municipal, assim as apostas no núcleo museológico da freguesia de Belver, no Castelo de Belver, no Alamal, na Ribeira da Venda, nos Percursos Pedestres na Avifauna e em todo o Turismo de contacto com a natureza mereceram com toda a certeza um forte apoio do Município de Gavião durante os últimos anos – Iniciámos e estão em bom ritmo, o Museu dos Carros de Atrelar; a Rua 23 de Novembro e beco das piscinas; a Casa do João Ascensão, piscina descoberta, Bar de apoio, Posto de Turismo, Loja de Produtos tradicionais, reservando-se o 1o andar para uma sala polivalente e o restante para Museu da Banda Juvenil e os seus fundadores Jaime Estorninho e Sílvio Pleno; o PR 8 – Prolongamento do passadiço do Alamal; a obra dos esgotos das Torres; o Jardim do Calvário; a Alameda das Tílias na Comenda; a Piscina para adultos na Ribeira da Venda; o Parque de Feiras e Merendas, o Parque Infantil e Zona de Estacionamento em Vale de Gaviões; o Forno Comunitário em Vale da Madeira; o Jardim do Calvário; o Lagar da Fraga; o Centro Interpretativo dos Percursos Pedestres e Zona de Apoio ao BTT, na Escola da Degracia; Permito-me, ainda realçar como exemplo a colaboração logística que demos ao maior Investimento privado já realizado no nosso concelho – O ECOGLAMPING – “Gavião Nature Village”.
AA – Na Comenda está a ser construída a piscina de adultos no Parque de Merendas da Ribeira da Venda, um velho sonho da população. Em Gavião há um vasto conjuntos de obras em simultâneo – O Museu dos Trens no antigo Seminário, a construção do “Ninho de Empresas”, o reordenamento da Rua 23 de Novembro que inclui espaço exterior da Escola, a reabilitação da casa do João Ascensão, construção da piscina e reabilitação da piscina coberta, área verde e de lazer da Urbanização do Calvário, foi construído o emblemático miradouro da Senhora dos Remédios e reabilitados uma série de imóveis para habitação social, isto para falar só nas obras mais visíveis. Estamos a falar de que montantes de investimentos?
JP – Beneficiando de candidaturas efetuadas atempadamente, temos neste momento no concelho de Gavião, investimentos que ascendem ao montante de sete milhões e meio de euros, ainda assim e contrariando informações falaciosas, difundidas por quem quer distorcer a realidade, foi possível terminar o ano de 2020 com um saldo de Tesouraria, positivo, de 1.207.491,29 (um milhão duzentos e sete mil quatrocentos e noventa e um euros e vinte e nove cêntimos).
Aqueles que habitualmente criticam e nunca fizeram nada pela nossa gente e pela nossa terra, mais uma vez falharam porque a saúde financeira da Câmara Municipal de Gavião é invejável e recomenda-se.
AA – Nas restantes Freguesias – Belver e Margem -, e principais núcleos urbanos quais as principais intervenções realizadas ou a realizar?
JP – Entre outros investimentos nestas freguesias quero destacar na freguesia de Belver a conclusão dos esgotos das Torres, a recuperação de cinco fornos comunitários e a recuperação do Lagar da Fraga, último lagar de Varas existente no concelho, o Parque de estacionamento junto ao Museu do Sabão.
Em Margem, para além do PR4- onde os moinhos de Margem são atracção e a Ribeira do Sume, que tem uma particularidade extraordinária e pouco vista que é, junto à Ponte do Sume a Ribeira desaparece e volta a aparecer algumas dezenas de metros mais abaixo, do Parque de Feiras e Mercados Zona de Lazer e Parque Infantil Iniciámos a construção do Forno Comunitário de Vale da Madeira, colaborámos com a Junta na recuperação de várias fontes, na pintura do cemitério e na recuperação de outros espaços comunitários da freguesia.
AA – Qual tem sido a acção do Município em termos de apoio às Freguesias, para mais considerando a especificidade do concelho que possui um território muito vasto e uma população muito dispersa em 33 aglomerados urbanos?
JP – Como sabe fui presidente da Junta de Freguesia de Gavião antes de assumir o cargo de Presidente da Câmara e isso permitiu-me conhecer em profundidade as enormes dificuldades que os executivos de freguesia têm na gestão dos parcos recursos financeiros que são colocados ao seu dispor.
Assim, enquanto líder da gestão Municipal, tenho procurado ser um aliado destes homens e mulheres que de forma voluntária e quase gratuita, contribuem diariamente para a melhoria das condições de vida dos nossos munícipes.
Costumo dizer que as freguesias são a frente avançada do Poder Local, os que mais lidam diretamente com as suas populações, os que primeiro tentam resolver os problemas, quantas vezes incompreendidos pela sua incapacidade e acusados de nada fazerem.
Temos disponibilizado algum apoio financeiro, de recursos humanos e muitas vezes tentamos substituir as Juntas nas suas competências para que tudo corra pelo melhor.
Também temos assinado alguns protocolos de delegação de competências nomeadamente no que diz respeito à cobrança dos recibos de água.
AA – Reforçou os quadros da autarquia com um amplo conjunto de funcionários nos últimos anos. Era mesmo necessário esse nível de aumento? E o que representa isso em termos de aumento da despesa fixa, de percentagem da despesa com pessoal em termos orçamentais, e qual a sustentabilidade futura?
JP – Valorizando desde a primeira hora o importante e decisivo papel de todos os trabalhadores da autarquia, o município tem vindo a melhorar as condições de trabalho.
Assim sendo, criámos um novo local de Aprovisionamento de Materiais, junto ao Campo do Salgueirinho. Modernizámos a Carpintaria Municipal. Criámos um espaço coberto para todas as viaturas. remodelámos todos os espaços no armazém municipal adquirimos nova maquinaria e equipamentos.
Também, e nos recursos humanos quisemos suprir algumas das carências detectadas, admitindo para os quadros da autarquia os funcionários que entendemos serem os necessários ao bom funcionamento de todos os serviços.
Entre aposentações e novas competências, entendemos como necessária a admissão para o serviço do Município 44 novos funcionários.
Foram no total 43 jovens do nosso concelho que aqui puderam fixar-se.
A Câmara Municipal de Gavião, para o exercício das atribuições que lhe estão cometidas pelo no 2 do arto. 23 da Lei 75/2013, de 18 de setembro, designadamente nas áreas do equipamento rural e urbano, energia, transportes e comunicações, educação, património, cultura e ciência, tempos livres e desporto, saúde, acção social, habitação, protecção civil, ambiente, salubridade e saneamento básico, defesa do consumidor, promoção do desenvolvimento, ordenamento do território e urbanismo, cooperação externa dispõe no atual momento de 147 funcionários assim distribuídos: Funcionários em Gabinetes de apoio – 3, Gabinete Técnico Florestal – 2, Gabinete Municipal de Protecção Civil – 1, Divisão Financeira – 37, Divisão de Obras e Serviços Urbanos – 78, Agrupamento de Escolas de Gavião – 26 Estaremos sempre atentos às necessidades efetivas, na certeza do cumprimento integral da Lei e jamais pondo em causa o equilíbrio orçamental das contas do Município.
AA – No âmbito desses processos de recrutamento sofreu críticas pessoais, incluindo na sua área partidária. Está tranquilo quanto a isso?
JP – É verdade que sofri algumas críticas de vários quadrantes da vida política concelhia, pois na sequência de concursos públicos absolutamente transparentes, foram admitidos dois funcionários que são meus familiares em linha directa.
Para que fique claro, sempre defendi que os familiares dos dirigentes não podem ser beneficiados, mas também sempre defendi que não deviam, nem podiam ser prejudicados pela sua relação familiar.
Dizer-lhe que estou perfeitamente tranquilo com a situação, não participei em qualquer circunstância nestes concursos e como prova da legalidade permito-me dizer que nenhum dos concorrentes reclamou dos resultados obtidos.
AA – A Feira Medieval de Belver, a mais antiga da região, e a Mostra de Artesanato, gastronomia e Actividades Económicas de Gavião são dois dos postais do concelho em termos de atracção. Como vive pelo segundo ano consecutivo sem estas realizações?
JP – Efetivamente a Feira Medieval de Belver, a Mostra de Artesanato Gastronomia e Actividades Económicas de Gavião, mas também a Festa do Feijão Frade em Margem e o BeatFest na Comenda são os principais postais do concelho em termos de atracções turísticas. Pelo segundo ano consecutivo vimo-nos obrigados a cancelar a sua realização por força da pandemia. Lamentamos muito este facto que retira à actividade turística do concelho milhares de pessoas e à atividade comercial muitas possibilidades de realizarem encaixes financeiros pouco habituais. Acreditamos fortemente que o próximo ano nos trará a normalidade e o retomar de toda actividade.
Temos, e desde o início de Junho tentado minimizar as consequências desta inexistência de actividade cultural, realizando pequenos eventos nas freguesias, sendo exemplo disso a realização de um pequeno espectáculo em Belver lembrando a Feira Medieval, ou os concertos de acordéons que percorrerão as diversas freguesias, ou ainda o espetáculo de Teatro e a exibição de cinema no Cineteatro Francisco Ventura, tudo no cumprimento das mais rigorosas regras da Direcção Geral de Saúde.
Vamos continuar a apostar nestes eventos de pequena dimensão, até que a p andemia nos permita voltar à normalidade.
AA – A Praia do Alamal ganha cada vez mais projeção e, entretanto, surgem unidades turísticas no concelho, de que o Ecoglamping é um exemplo. Que leitura é possível fazer e o que se pode perspectivar em termos de crescimento turístico no futuro?
JP – A Praia do Alamal é uma pérola à beira Tejo, que tem merecido ao longo dos anos um grande investimento por parte do Município de Gavião, criando condições para que os visitantes se sintam bem. O Alamal River Club, alojamento local do espaço, e o Bar Restaurante do Alamal para além da praia e de todos os desportos aquáticos e de contacto com a natureza/desportos aventura que as duas empresas aí sedeadas proporcionam são ingredientes que justificam umas férias no local.
Mas temos muito mais para oferecer a quem nos visita, desde a histórica vila de Belver com o seu imponente Castelo do século XII, até à estátua/túmulo de José Xavier Mouzinho da Silveira em Margem, ou ao magnífico espaço do Parque de Merendas da Ribeira da Venda agora valorizado com uma piscina para adultos, passando pela sede de concelho com os seus miradouros, o Jardim do Cruzeiro e a Igreja Matriz inserida no património histórico religioso, são locais que cada vez mais ganham visitantes, isto sem esquecer naturalmente os percursos de natureza havendo pelo menos um em cada freguesia.
Também não quero nem posso esquecer o magnífico Parque de Autocaravanas recentemente inaugurado na Fonte Nova, junto à entrada sul de Gavião e que se referencia como um espaço de qualidade para todos os autocaravanistas.
E é neste contexto que o investimento privado começa a fazer-se sentir, tendo como principal expoente o ECOGLAMPING – Gavião Nature Village, o maior investimento privado de cariz turístico alguma vez feito no concelho de Gavião.
O ano de 2020 foi, em contraciclo com as zonas do litoral o melhor ano turístico no concelho, mais entradas nos museus e Castelo, maior afluência na Praia do Alamal e a restauração mais pressionada sobretudo aos fins de semana.
Vamos continuar a apostar forte no Turismo, queremos ser um destino de eleição, mas sobretudo queremos que quem nos visita possa elogiar a sua permanência neste Alentejo que com orgulha se intitula de “Um Alentejo Diferente”.
Como exemplo desta nossa aposta referencio a obra do futuro Museu dos Carros de Atrelar e a obra da antiga Casa de João Ascensão onde no futuro funcionará a Piscina descoberta, o Posto de Turismo, uma Loja de produtos tradicionais, e o Museu da Banda Juvenil do Município de Gavião.
AA – Em termos de Turismo de Natureza os percursos pedestres, em especial do PR das Arribas do Tejo, mas também o da Ribeira da Alferreireira, conseguem atrair turistas. Inclusive está a ser feita a ligação entre eles.
Em que medida este tipo de turismo contribui para o desenvolvimento do concelho, se é que deixa efectivamente verbas no território?
JP – Hoje o turismo de contacto com a natureza é uma realidade com que nos confrontamos todos os dias, que acarinhamos e queremos potenciar no concelho. Actualmente dispomos de quatro PRs, um em cada freguesia, mas rapidamente inauguraremos mais um, que fará a ligação do passadiço do Alamal PR1 ao PR2, com a denominação PR5 Rota dos Muros de Sirga, numa extensão de 5.800 metros, sempre à Beira Tejo, no enquadramento magnífico das encostas do Rio, entre floresta verdejante e regatos que descem das encostas.
Importa ainda referenciar a existência de duas empresas que se dedicam à exploração de desportos náuticos (Nauticalamal e Gaviadventure) incluindo passeios no Tejo, aluguer de Gaivotas, Padel, e canoas, sendo que uma delas a Gaviadventure, proporciona outros desportos radicais como escalada, rappel, slide, e faz o acompanhamento de grupos nos percursos.
AA – Quais são as principais dificuldades ou constrangimentos para o crescimento do turismo neste território, já que grande parte da estratégia de desenvolvimento do Município passa pelo incremento deste sector?
JP – Com quatro freguesias – Belver, Comenda, Margem e União das Freguesias de Gavião e Atalaia, a região autointitula-se com orgulho de “Um Alentejo diferente”.
As freguesias que compõem o município são diferentes umas das outras, e por isso o trabalho que temos feito para dinamizar as localidades não tem sido igual. Para além das potencialidades já exploradas, há ainda muito mais para explorar.
Efetivamente somos “Um Alentejo Diferente” também por essa razão. Cada uma das nossas freguesias é completamente diferente da outra, complementando-se de forma harmoniosa nos seus contrastes.
Com uma geografia muito diversificada e contrastante de paisagens multifacetadas há, no entanto, uma homogeneidade de alma humana: as gentes são de boa feição e de sublime beleza nos afectos.
Se em Belver se respira história, monumentalidade, o Castelo, os Museus, onde o Rio Tejo se impõe serpenteando por vales imensos, temos a freguesia de Comenda com as suas planícies alentejanas onde o Montado, os vestígios Romanos e as sepulturas antropomórficas, são uma realidade indesmentível, depois temos a freguesia de Margem onde a ruralidade é a imagem de marca, o regadio tradicional, a cultura do feijão frade são algo de que os habitantes não abdicam, resta-nos a União de Freguesias de Gavião e Atalaia, a mais populosa, e onde a identidade das outras três se mistura de forma agradável e homogénea.
Todas diferentes, todas iguais.
Mas com tudo isto existem naturalmente muitos constrangimentos ao desenvolvimento das estratégias que delineamos, desde logo e nos últimos dois anos a pandemia que nos tem consumido muita energia, muito dinheiro e dado muitas preocupações.
AA – Como espera ver o concelho daqui a quatro anos?
JP – Primeiro que tudo dizer-lhe que me irei recandidatar a novo mandato como presidente do Município de Gavião. Todos os meus concidadãos poderão avaliar o meu desempenho e de toda a equipa que nos últimos oito anos dirigiu os destinos do Município.
Temos a nossa consciência perfeitamente tranquila, demos de nós o melhor que podíamos e sabemos que foi dado um salto muito grande na qualidade de vida de todos os residentes no concelho. Foram e estão a ser feitos investimentos que colocarão o nosso concelho na linha da frente dos Municípios de baixa densidade populacional.
Espero nos próximos quatro anos continuar o trabalho que temos vindo a desenvolver, conseguir inverter a perda de população e criar todas as condições para que os nossos jovens, após o fim da sua formação académica aqui se possam instalar e constituir família.
Continuando a por o nosso foco nas pessoas e no seu bem-estar, gostava de deixar um concelho preparado para enfrentar os desafios do futuro, apostar na descarbonização, na transição digital, na transição climática, no teletrabalho e sobretudo torná-lo mais resiliente com um território mais competitivo e coeso.