O Foral Manuelino de Belver
Estava prometido desde 2018, quando numa célebre palestra, pela Professora Doutora Maria Helena da Cruz Coelho, na comemoração dos 500 anos do Foral Manuelino da vila histórica, lhe foi lançado o repto para produzir um livro na sequência dessa comunicação, a que a historiadora de imediato acedeu.
Avançou a obra, a Junta de Freguesia obteve patrocínio da PEGOP, mas sobreveio a pandemia e o lançamento não foi feito, até que no sábado ocorreu a apresentação de “O Foral Manuelino de Belver” na Igreja Matriz, cumprindo as regras da DGS.
A apresentação esteve a cargo dos professores Raquel Gouveia e do filho da terra, Carlos Grácio, sendo de realçar os dois momentos musicais por Luís Zagalo.
Personalidades da terra e autores de várias obras de grande interesse local, o Coronel Jorge Saco e o Eng.º Lobato Ferreira marcaram presença nesta apresentação, o que a autora agradeceu. Presentes também vários autarcas, incluindo todos os presidentes de Junta do concelho e o presidente da Câmara.
A presidente da Junta e deputada Martina de Jesus, realçou a importância do «registo escrito», sublinhando a obra notável «evidencia a singularidade de Belver» bem como «o seu património material e imaterial».
A professora Raquel Gouveia falou sobre a autora e sobre obra, que assumiu ir trabalhar com os seus alunos de História na Escola de Gavião, sobre a importância da tradição – transmissão, lembrando que o livro «expressa a importância de Belver nas Terras de Guidintesta na construção de Portugal», revela as «mudanças» ao longo do tempo e «mostra a sociedade», lembrando que «a luz do conhecimento é um pórtico para o futuro», anotando ainda as enormes qualidades técnicas e científicas da autora, professora catedrática jubilada da Universidade de Coimbra, reputada medievalista, membro da Sociedade Portuguesa de Historia, correspondente da Academia Portuguesa de Ciências, presidente da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais, directora da Revista Portuguesa de História, de entre muitas outras responsabilidades científicas, e Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Seguiu-se Carlos Grácio, também docente de História (em Abrantes), apaixonado pelo História Local e por Belver, que começa por salientar que «todo o documento é monumento» e confessa que «gosto de ser professor de História» para «para transmitir a vida dos outros que permanecem na nossa vida».
Carlos Grácio revela que «Belver existe desde o século XII, desde a Reconquista», lembrando que o Castelo integra «a linha defensiva do Tejo, como o da Amieira», tendo a terra sido doada á ordem de São João do Hospital «para povoamento», por D. Sancho, “O Povoador”, integrando as terras de Guidintesta, que eram «um feudo desde a Beira ao Alentejo e Alto Ribatejo» com a jurisdição da Ordem de São João de Jerusalém ou do Hospital.
Falando sobre o livro, o professor belverense sublinhou tratar-se de «um trabalho científico esforçado e brilhante», anotando que «a História local liga-se à nacional, e sendo este livro importante para o local, é também importante para o nacional», terminando a declarar que «os textos também sabem gritar para quem os quer ouvir, lendo-os».
A autora começou por cumprimentar o Coronel Jorge Saco «que tanto se tem dedicado a fazer memória destas terras», o que recolheu um aplauso no templo, lembrou que a pandemia atrasou a apresentação da obra, mas chegou o momento de «presentear os belverenses com um pedaço da sua rica História»
Lembrou a palestra de 19 de maio de 2018 proferida nesta mesma Igreja, agradecendo ao Pároco, Pe. Cristiano, que chegou diretamente da Roménia já com a sessão iniciada, e porque se sentiu «profundamente tocada», dispus-me a publicar este pequeno livro», que é também uma «reciprocidade entre o historiador e o público que o recebe».
O Professora revelou que o livro contém fact-similes do foral saído da Chancelaria Régia e salienta a dado passo que o livro «fala da História de Belver como fala da História de Portugal ou da História da Humanidade».
Reiterando que um documento é um monumento, a Professora Doutora Maria Helena da Cruz Coelho sublinha a «estreita ligação do concelho (de Belver) à Ordem do Hospital» bem como «a estratégica posição fronteiriça deste espaço» na época da Reconquista, lembrando que há muitos aspectos interligados, como a demografia, a paisagem agrícola, os direitos de portagem, os gados, a atividade piscícola e muito mais, terminando a agradecer «a alma desta empresa» a Martina de Jesus com um «obrigado pelo amor que devota à sua terra e às suas gentes», declarando sentir uma «grande honra» por «ficar ligada a Belver com este livro» e aos autores de outras obras de referência sobre Belver, Coronel Jorge Saco e Engº. José Carlos Lobato Ferreira, enaltecendo a «imensa riqueza patrimonial do antigo concelho de Belver».
Convidado a intervir, o presidente da Câmara, José Pio, declarou que o Município «tudo o que engrandece Belver engrandece o concelho», reconhecendo que esta obra «é de extrema importância para a freguesia – a única do Alentejo na margem direita do Tejo – e para o concelho», terminando a declarar que o lançamento desta obra representa o «fechar com chave de ouro as comemorações dos 500 anos do foral manuelino de Belver».